top of page

Dados da educação superior: 79,3% dos estudantes do ensino superior no Brasil estão em instituições privadas

Estudantes universitários em sala de aula colaborando em atividades acadêmicas — imagem que representa o ambiente do ensino superior no Brasil e o crescimento das instituições privadas.

O que os dados revelam sobre o ensino superior no Brasil?


O ensino superior no Brasil vive um momento de expansão, desafios e transformações estruturais. De acordo com o último Censo da Educação Superior (Inep, 2023), o país soma 9,9 milhões de estudantes matriculados, e 79,3% deles estão em instituições privadas. Essa proporção coloca as faculdades e universidades particulares como protagonistas na formação acadêmica e profissional da população brasileira.


Ao mesmo tempo, o novo relatório Education at a Glance 2025, da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico), aponta um dado preocupante: o Brasil tem a maior média de alunos por professor entre os países analisados, com 62 estudantes por docente nas instituições privadas, enquanto a média da OCDE é de 18.


Esses números evidenciam tanto o alcance do setor privado quanto os desafios de qualidade e infraestrutura que o ensino superior no Brasil ainda enfrenta.


Por que a maioria dos alunos está nas instituições privadas?


O crescimento das matrículas nas instituições privadas está fortemente ligado à expansão do ensino a distância (EaD). Em 2023, 73% dos novos alunos das faculdades privadas optaram por cursos EaD, segundo o Inep. Isso se deve à maior flexibilidade, à redução de custos e à democratização do acesso à educação, especialmente para estudantes que trabalham ou vivem fora dos grandes centros.


Por outro lado, 85% dos ingressantes nas instituições públicas continuam optando por cursos presenciais. O contraste mostra que o perfil do aluno da rede privada é mais diverso e adaptado às novas formas de ensino, o que pressiona as instituições a inovar em metodologias, tecnologias e modelos de gestão.


O que o dado de 62 alunos por professor realmente significa?


A proporção de 62 alunos por professor no ensino superior privado brasileiro é a maior entre os países avaliados pela OCDE. Isso indica que as instituições estão operando com turmas maiores e equipes docentes menores, principalmente nos cursos a distância.


Embora o modelo EaD naturalmente concentre mais alunos por professor, esse número levanta discussões sobre a qualidade da mediação pedagógica, o acompanhamento individual e o suporte acadêmico oferecido aos estudantes.


O Inep reconhece a superlotação como um dos principais desafios e afirma que parte desse cenário deve ser atenuada com o novo marco regulatório da Educação a Distância, que limita a oferta de cursos 100% online. A medida exige que cursos de bacharelado, licenciatura e tecnologia tenham ao menos uma parcela presencial, o que pode equilibrar o número de docentes e alunos.


Como o ensino superior no Brasil se compara aos países da OCDE?


Quando observamos o panorama internacional, o ensino superior no Brasil apresenta contrastes significativos.


Enquanto o país lidera em número de alunos por professor nas instituições privadas, no setor público ocorre o inverso: a média é de 10 estudantes por docente, menor que a média da OCDE, que é de 15.


Essa dualidade mostra uma desigualdade estrutural: as universidades públicas, em geral mais bem financiadas e com menor número de alunos, concentram a pesquisa e a inovação, enquanto as privadas — responsáveis pela maioria das matrículas — sustentam o acesso e a empregabilidade, mas enfrentam limitações em recursos humanos e infraestrutura.


Quais são os desafios do corpo docente no ensino superior?


Além da relação aluno-professor, outro dado do relatório chama atenção: o envelhecimento do corpo docente. Entre 2013 e 2023, o número de professores do ensino superior com 50 anos ou mais cresceu 23%, chegando a 33,8% do total.


A coordenadora de Estatística Internacional Comparada do Inep, Christyne Carvalho, destacou que “os mais jovens não têm se interessado pela carreira docente”, o que traz riscos à renovação e à inovação acadêmica.


Esse fenômeno não é exclusivo do ensino superior no Brasil, mas reflete uma tendência global. Nos países da OCDE, a média de professores com mais de 50 anos é de 40,4%, e muitos deles se aposentam sem que novas gerações assumam seus postos.


Para o mercado educacional brasileiro, isso reforça a necessidade de atrair novos profissionais, valorizar a carreira e incentivar a formação continuada.


Como o ensino a distância está moldando o futuro do ensino superior no Brasil?


O EaD é, sem dúvida, o grande motor da transformação no ensino superior no Brasil. Ele permitiu que milhões de pessoas tivessem acesso à formação universitária, especialmente em regiões onde o ensino presencial é limitado.


Contudo, o crescimento acelerado trouxe também questões de qualidade e regulação. Com o novo marco regulatório, o Ministério da Educação (MEC) busca padronizar critérios mínimos de presencialidade, infraestrutura e acompanhamento, garantindo que a expansão do EaD venha acompanhada de qualidade.


Essa mudança impactará diretamente o modelo de negócios das instituições privadas, que precisarão equilibrar escala e personalização, adotando tecnologias de aprendizado adaptativo, acompanhamento acadêmico e professores com perfil híbrido — tanto pedagógico quanto digital.


O que esses dados significam para os gestores e líderes do setor educacional?


Para gestores, mantenedores e líderes educacionais, os números do ensino superior no Brasil são um alerta e uma oportunidade.


Por um lado, há um mercado massivo e diversificado, com quase 80% das matrículas concentradas na rede privada e com forte tendência ao digital. Por outro, há desafios urgentes em qualidade docente, regulação e sustentabilidade operacional.


As instituições que conseguirem unir eficiência, tecnologia e qualidade acadêmica estarão mais bem posicionadas para atender à nova geração de estudantes — que busca flexibilidade, relevância e empregabilidade.


Isso exige decisões estratégicas baseadas em dados, como as apresentadas pela OCDE e pelo Inep: investir em formação de professores, melhorar o acompanhamento pedagógico e adotar modelos híbridos de ensino que conciliem escala e proximidade.


Conclusão: o que o futuro reserva para o ensino superior no Brasil?


O ensino superior no Brasil está em um ponto de inflexão. A expansão do EaD democratizou o acesso, mas também escancarou desigualdades entre o público e o privado, e entre qualidade e quantidade.


Os 79,3% de estudantes matriculados em instituições privadas representam não apenas um dado estatístico, mas um símbolo da força e da responsabilidade do setor privado na formação do país.


A médio prazo, o sucesso do ensino superior brasileiro dependerá da capacidade das instituições de inovar sem perder qualidade, de atrair novos docentes e de redefinir o papel do professor em um ambiente cada vez mais tecnológico e dinâmico.


Mais do que nunca, entender os dados do ensino superior no Brasil é o primeiro passo para transformar desafios em oportunidades — e garantir que a educação continue sendo o motor do desenvolvimento econômico e social do país.

 
 
 

Comentários


bottom of page