Nossa conversa da vez é com a Professora Especialista Ana Flávia Bevilaqua Melo, que compartilha sua trajetória no Ensino Superior e as lições aprendidas ao longo de duas décadas de dedicação à educação.
Prof. Ana Flávia, você tem uma longa carreira no Ensino Superior, começando ainda jovem. Como foi sua entrada nesse setor?
Ana Flávia: Minha entrada no Ensino Superior foi um tanto inusitada. Ao contrário do caminho tradicional, onde muitos começam como docentes, eu iniciei na área de gestão, trabalhando diretamente com a regulamentação e os processos do Ministério da Educação (MEC). Lembro-me de quando os pedidos de credenciamento e autorização de cursos eram feitos em envelopes amarelos e enviados para Brasília. A partir de 2004, comecei a trabalhar com o primeiro sistema do MEC, o Sapiens, e logo depois com o e-MEC. Essa experiência me deu uma base sólida em legislação e regulamentação.
E como foi a transição para a gestão acadêmica dentro das instituições de ensino?
Ana Flávia: Em 2012, aos 25 anos, fui convidada a assumir o cargo de Supervisora Acadêmica em uma instituição de ensino superior que estava em fase de consolidação. Com apenas cinco cursos, nossa missão era regularizar e expandir a oferta. Minha experiência anterior com a regulamentação do MEC foi crucial para esse processo. A minha trajetória foi diferente da maioria, pois já cheguei com uma base sólida de conhecimento regulatório e só então fui para a operação acadêmica.
Quais foram os principais desafios que você enfrentou nessa nova função?
Ana Flávia: O principal desafio foi lidar com a falta de formação docente específica dos professores. Muitos deles não tinham treinamento pedagógico, e essa é uma realidade comum no ensino superior. Por isso, desenvolvemos um programa de formação continuada para docentes, focado em metodologias contemporâneas e no uso de tecnologias aplicadas à educação. A adesão foi excelente, com mais de 80% dos professores participando, e muitos deles elogiaram a iniciativa, especialmente quando enfrentaram os desafios do ensino remoto durante a pandemia.
E quais lições você tirou dessa experiência?
Ana Flávia: Aprendi que a formação docente não pode ser pontual, mas contínua. Reuniões acadêmicas no início do semestre informam, mas não formam. A docência é uma profissão, e assim como qualquer outra, precisa de aprimoramento constante. Além disso, a gestão acadêmica precisa ser sensível às mudanças no perfil dos alunos, como a entrada de alunos com necessidades especiais, incluindo autismo e TDAH. Isso requer uma abordagem institucional mais abrangente e acolhedora.
Você também passou por um grande desafio ao participar da implementação do EAD. Como foi essa experiência?
Ana Flávia: Quando fui contratada para integrar o projeto de EAD na Unifor, foi uma experiência transformadora. Estive envolvida desde o início, ajudando a desenhar o modelo de ensino a distância, que foi lançado em agosto de 2021. Foi desafiador, pois eu vinha de uma trajetória voltada à gestão acadêmica, e essa experiência exigiu habilidades diferentes, como gerenciar equipes de designers, roteiristas e especialistas em produção de conteúdo audiovisual. Mas foi muito gratificante ver o projeto sair do papel e ganhar vida.
E hoje, quais são seus novos desafios na FATENE?
Ana Flávia: Recentemente, fui convidada a assumir a gestão executiva, onde estou responsável por diversos setores, incluindo financeiro, RH, infraestrutura e patrimônio. É uma experiência completamente nova para mim, pois venho de uma base acadêmica. No entanto, acredito que essa nova perspectiva vai me permitir criar uma gestão mais integrada entre o acadêmico e o administrativo, o que, no final, é essencial para que as operações funcionem em harmonia.
Muito obrigado por compartilhar sua trajetória conosco, Prof. Ana Flávia. Sua história é uma verdadeira inspiração para quem busca crescer na área de educação.
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